Felipe Seligman

Se, no início da era PT, alguém dissesse que José Eduardo Cardozo seria um de seus derradeiros protagonistas, poucos iriam acreditar. Muito menos se prognosticassem que seria o único petista a sair deste processo maior do que entrou.
Cardozo nunca teve vida fácil dentro do próprio partido. Foi deixado de lado durante os dois mandatos de Lula em razão das críticas do ex-presidente à atuação de Cardozo. As razões são históricas e não nos caberia discuti-las neste texto.
Já com Dilma, ao longo dos últimos anos, não foram poucas as vezes em que foi cobrada a sua demissão do Ministério da Justiça. O motivo dito apenas nos bastidores não era nobre: Cardozo não conseguia segurar a Lava Jato.
Esses são fatos públicos e publicados, como numa entrevista que concedeu aos repórteres Cátia Seabra e Gustavo Uribe, da Folha de S. Paulo. Mesmo assim, Cardozo nunca foi deselegante. “Tenho profunda admiração pelo [ex] presidente Lula. Desconheço que ele não goste de mim. Se não gosta, deve ter suas razões e a pergunta deve ser dirigida a ele”, afirmou na ocasião.
No Ministério da Justiça, talvez este tenha sido seu único mérito: não atrapalhar a Lava Jato. Como ministro de Estado, Cardozo foi exemplo do governo Dilma: nenhum projeto importante e nenhuma política pública relevante.
O tempo passou. Cardozo deixou o Ministério da Justiça, assumiu a Advocacia-Geral da União e, naturalmente, tornou-se o advogado de Dilma Rousseff no processo de impeachment.
Cardozo desempenhou seu papel de tal forma no Supremo, na Câmara, no Senado ou nas tantas entrevistas que concedeu que, ironicamente, pode ter agradado os dois lados: quem foi a favor do impeachment, sabe que Dilma não poderá alegar que teve o direito de defesa violado; quem era contra a deposição, ouviu na retórica de Cardozo a defesa veemente de seus argumentos.
Terminado o processo no Congresso, Dilma ainda recorrerá ao Supremo Tribunal Federal. Por mais que sua defesa se esforce e demonstre a mesma competência que teve no Congresso, não chegará a lugar algum. Mas, independente disso, José Eduardo Cardozo inicia agora sua carreira na advocacia em um patamar que certamente nem ele imaginava. Sai desses 13 anos de PT no poder muito maior do que entrou.

Plenário do Senado

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JOTA

Se no início da era PT, alguém dissesse que José Eduardo Cardozo seria um de seus derradeiros protagonistas, poucos iriam acreditar. Ele nunca teve vida fácil dentro do próprio partido

José Eduardo Cardozo sai da Era PT maior do que entrou

Se no início da era PT, alguém dissesse que José Eduardo Cardozo seria um de seus derradeiros protagonistas, poucos iriam acreditar. Ele nunca teve vida fácil dentro do próprio partido