Como era de se esperar, a nomeação de uma pessoa de fora da Receita Federal para comandar o órgão já está gerando reações na categoria. O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita (Sindifisco Nacional) divulgou nota à imprensa nesta quinta-feira (22/12) criticando a indicação de Robinson Barreirinhas para o cargo de secretário da Receita Federal.
“A nomeação de uma pessoa de fora da carreira de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil causa preocupação à direção do sindicato e à categoria. Dada a estrutura singular do órgão na administração pública brasileira, a condição de secretário demanda conhecimentos técnicos, normativos e institucionais muito específicos que se adquirem com anos de exercício profissional no cargo de Auditor-Fiscal”, diz a nota.
Os auditores da Receita são uma das categorias do funcionalismo com maior grau de corporativismo e já complicou a vida de alguns secretários da Receita que não eram da casa, como Marcos Cintra. Antes mesmo da confirmação de seu nomes, já se percebia nos bastidores do órgão uma má vontade e críticas a Haddad por ter prestigiado uma procuradora da Fazenda para chefiar a PGFN e para a Receita trazer alguém de fora.
Barreirinhas é procurador do município de São Paulo e trabalhou com Haddad quando ele liderou a cidade. O futuro ministro parecia prever que teria que lidar com resistências corporativas, pois, ao anunciar os nomes, deixou claro que o acordo era para que os subsecretários fossem todos da carreira, tanto no caso da Receita como no Tesouro Nacional. Haddad também mencionou que Barreirinhas tem mandato para reorganizar a carreira, inclusive tratar da questão do bônus dos auditores, um tema espinhoso para a categoria.
Na nota do Sindifisco, os auditores dizem que o tempo para o conhecimento da casa pode levar a atrasos injustificáveis nas mudanças estruturais e emergenciais que a RFB necessita para recuperar seu papel de órgão de Estado republicano, perdido por seguidas administrações descompromissadas com o interesse público.
“Um secretário sem familiaridade com as estruturas internas corre o risco de manter intactas as formas de gestão atuais, que tantos problemas já produziram, dentre os quais, um profundo sentimento de desmotivação nos seus quadros funcionais. Diante do desmonte do órgão e da necessidade de combater a sonegação e aumentar a arrecadação tributária, o Brasil não dispõem desse tempo de adaptação!”, diz a nota, que lembra que Haddad não aproveitou as indicações de uma lista tríplice feita pela categoria.