Luiz Orlando Carneiro

Às vésperas de comemorar o 70º aniversário, Steve Turre divide com Wycliffe Gordon, 51 anos, a preferência da crítica especializada quando se trata de nomear o maior trombonista de jazz em atividade. Ambos são ouvidos e cultuados como mestres do instrumento, no mesmo patamar de excelência técnica e criatividade dos canonizados J.J. Johnson (1924-2001), Kai Winding (1922-1983) e Frank Rosolino (1926-1978).
A etiqueta Smoke Sessions – cuja base é o referencial clube de Nova York – tem sido ultimamente a vitrine preferida de Turre. Em 2015, lançou o álbum Spiritman, com o líder à frente de um sexteto. E, no ano seguinte, Colors for the Masters, com o trombonista na ilustríssima companhia de Kenny Barron (piano), Ron Carter (baixo) e Jimmy Cobb (bateria).
Neste mês, está saindo do forno o CD The Very Thought of You. Trata-se de uma sessão na qual - como destaca o press release da gravadora – Turre exibe “uma faceta menos celebrada da sua brilhante arte”, qual seja “o seu modo sincero, sentido, de tratar uma balada”, fazendo o seu trombone “cantar com delicado lirismo e beleza sutil”. Além do mais, ao dream team formado por Kenny Barron, Buster Williams (baixo) e Willie Jones III (bateria) o trombonista acrescenta um oiteto de cordas em quatro das 11 peças do disco. Também aparecem como convidados especiais o guitarrista Russell Malone e o saxofonista tenor George Coleman, em duas faixas cada um.
As canções nas quais o líder-solista deixa-se emoldurar pelos arranjos do veterano Marty Sheller para o conjunto de cordas são a faixa-título (5m15), The shadow of your smile (3m30), Danny boy (3m50) e Never let me go (6m05). Nesta última, destaque também para o solo do saxofonista Coleman, 83 anos, “jazz master” que ganhou fama na década de 1960 como membro do quinteto de Miles Davis.
O guitarrista Russell Malone adere ao quarteto básico, e sola também, na interpretação bem swinging de Sepetember in the rain (6m15). No terceiro número da setlist,ele é convidado para tocar com o líder, em duo, a balada No regrets (4m30) - tema que Turre escreveu na década de 1970, quando integrava (como contrabaixista) um dos conjuntos do inesquecível baterista Chico Hamilton (1921-2013).
Mas o sempre surpreendente trombonista deixa de lado o script basicamente romântico do seu novo álbum da Smoke Sessions nas duas faixas mais “quentes” do menu: Yardbird Suite (7m), de Charlie Parker, um dos “hinos” do bebop, recriado com outra participação notável de George Coleman no sax tenor; Freedom Park, SA(4m15), com Steve Turre e o baterista Willie Jones III em free playing, a partir de uma melodia concebida pelo grande trombonista quando se apresentava, no ano passado, num festival na África do Sul (Freedom Park é um memorial erguido em Pretória, a capital administrativa daquele país, em homenagem aos mortos nas lutas dos tempos do apartheid).
(Samples em: <a href="https://music.of.today/music/1401033512/the-very-thought-of-you-steve-turre" target="_blank" rel="noopener" data-saferedirecturl="https://www.google.com/url?hl=pt-BR&amp;q=https://music.of.today/music/1401033512/the-very-thought-of-you-steve-turre&amp;source=gmail&amp;ust=1533999041599000&amp;usg=AFQjCNEmVGijB_9CLuvFwwxWjG55PmP5Jw">https://music.of.today/music/1401033512/the-very-thought-of-you-steve-turre</a>)

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JOTA

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