Luiz Orlando Carneiro

O primeiro item da discografia da pianista-compositora californiana Lisa Hilton é de 1997 – um recital solo a partir de 12 peças de sua autoria, apropriadamente intitulado Seduction. 
Desde então, sempre como produtora (Ruby Slippers Production), registrou na condição de líder outros 20 discos, o último dos quais tinha sido Chalkboard Destinity, em agosto de 2019, na companhia relevante de JD Allen (sax tenor), Rudy Royston (bateria) e Luques Curtis (baixo).
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Pois estava ela no meio de uma turnê à frente desse quarteto, no início do ano corrente, quando foi obrigada a suspender qualquer outro plano, a não ser o de ficar em casa, isolada pela ameaça do Covid-19.
Mas Lisa Kristine Hilton não abandonou o seu piano, nem deixou de compor. Muito pelo contrário, aproveitou o shut down para anotar novas e inspiradas composições.
E acabou com material mais do que suficiente para um novo álbum – More Than Another Day – que foi gravado em agosto, em estúdio, com a assistência (cada um no seu canto) dos fieis Royston e Curtis.
A propósito, a jazzwoman comentou:
<blockquote>“Tenho sempre apelado, em tempos difíceis, para a minha criatividade. (…) Cresci numa cidade pequena onde parecia não acontecer nada. Projetos criativos florescem em down times. Acho que a quietude propicia a criatividade”.</blockquote>
A faixa-título do CD (4m35), em animado clima rítmico-melódico que remete a Horace Silver, abre a setlist de nove originais, dos quais merecem também realce muito especial os seguintes: Retro road trip (4m20), em allegro vivace; Secret beach (3m30), num fugato a revelar a formação clássica da pianista; o hipnótico; Blues and beauty (6m15), de título autoexplicativo.
O trio de Lisa Hilton interpreta também três baladas de autoria da líder: No sleep until...(4m30), Today I looked at love ( 4m20) e So this is love (4m45). O único standard do songbook norte-americano constante do novo álbum é I’ve got you under my skin (4m50), de Cole Porter, levado em tempo médio, dançante, com tempero latino.
A cada vez mais brilhante estrela do piano assim comentou o seu processo criativo:
“Quando sento ao piano a música começa a tomar forma, quase como se ela estivesse dentro de mim à espera de uma oportunidade de ser ouvida. Quando componho nem sei em que tonalidade ou compasso estou tocando. Simplesmente permito que o tema se desenvolva, e então, rapidamente, eu o traduzo em notação musical no computador, numa determinada direção. Assim, inicialmente, sou uma espécie de passageira ou observadora, deixando a música desdobrar-se livremente”.
Ouça a <a href="https://downbeat.com/site/fcd/more-than-another-day" target="_blank" rel="noopener noreferrer">faixa-título</a> e os <a href="https://music.apple.com/us/album/more-than-another-day/1536017482" target="_blank" rel="noopener noreferrer">samples</a> do álbum.

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JOTA

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