Dia Internacional da Mulher

A Defensoria e as mulheres: unidas na construção de um mundo mais justo

Somos maioria na sociedade, mas ainda estamos distantes de ocupar o espaço que nos corresponde

a defensoria e as mulheres
Crédito: Unsplash

O mundo comemora mais um 8 de março, mas continua muito desigual. Desigual nas relações de gênero. Desigual nas relações sociais, desigual nas relações raciais. Anualmente celebramos o Dia Internacional da Mulher, uma efeméride para reflexão, debate e luta. E, ainda assim, em uma espiral contínua, vemos que o ritmo da mudança está muito aquém do necessário. Os discursos até evoluem, mas as práticas avançam pouco. 

Segundo estudos de março de 2023 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 48% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres. Esse número representa quase o dobro do percentual levantado em 1995 ― que era de 25% ― e tende a aumentar ainda mais quando olhamos para os 20,65 milhões de lares de baixa renda no país (público-alvo da Defensoria), dos quais 81,6% são chefiados por mulheres.

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As mulheres enfrentam índices maiores de desemprego (14,9% contra 12% dos homens), recebem os menores salários (20% em média menos do que eles) e lidam com até três vezes mais casos de assédio moral e sexual no trabalho, conforme indica o levantamento feito em 2021 pela empresa de gestão de recursos humanos Mindsight. A violência e a falta de respeito contra as mulheres ainda é uma realidade. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foram cometidos 1463 feminicídios em todo o país no ano passado. 

A Defensoria sente em seu cotidiano esse drama e é parte dessa luta. O drama e luta de mulheres que precisam recuperar os direitos previdenciários perdidos e que poderão garantir o único conforto nos dias finais da existência. Diante do balcão, elas nos dizem que “muitas vezes, somos o primeiro sim depois de vários não recebidos em outros guichês”. 

O drama e a luta de mulheres que foram demitidas, perderam tudo e chegaram ao ponto de precisar morar na rua. Ou o sofrimento de diversas mães que batem às nossas portas pedindo socorro por não conseguirem acesso a medicamentos para tratamentos de seus filhos. Felizmente, em vários casos, conseguimos fazer a nossa parte para atenuar essas dores.

São vários e vários casos, várias e várias histórias. A Defensoria atua com refugiados, população em situação de rua, população carcerária. Em todas elas acumulamos histórias de mulheres que, apesar da discriminação ou indiferença da sociedade e do poder público, não desistem. Como os defensores e defensoras públicas federais. 

Em nossa Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos Federais (Anadef) temos uma maioria feminina na diretoria. Mas ainda é preciso mais. Nos tribunais superiores, os homens também são maioria, bem como no Congresso e no Executivo. Somos maioria na sociedade, mas ainda estamos distantes de ocupar o espaço que nos corresponde para imprimir um olhar que alie atenção e competência na resolução dos conflitos cotidianos da sociedade.

A cada 8 de março vamos celebrar conquistas e cobrar mudanças. E nos demais dias do ano, faremos nosso trabalho na construção de uma sociedade mais justa.