Pesquisa

AtlasIntel: Mais de 42% não consideram raça e gênero importante para próxima vaga no STF

A pesquisa também mostra que mais de 56% consideram ser mulher ou ser negro minimamente importante para a indicação

jurisdição constitucional
Crédito: Fellipe Sampaio/SCO/STF

Pesquisa AtlasIntel divulgada nesta terça-feira (26/9) indica que para mais de 42% da população atributos como gênero e raça não são considerados importantes para indicação para próximo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Com a aposentadoria compulsória da ministra Rosa Weber em 2 de outubro, o Supremo terá uma vaga aberta.

Para 42% dos entrevistados, o fato de ser mulher não deveria importar para a indicação para o STF. Entretanto, o critério foi o terceiro mais citado entre os atributos que importam muito, com 32% – ficou atrás de notório saber jurídico (74%) e ter exercido cargos de relevância nacional (36%). Na soma entre muito importante, importante, algo importante e pouco importante, 58% consideram o atributo minimamente importante.

Em relação a ser negro, 44% consideram este critério nada importante, enquanto 28% consideram muito importante. Na soma, 56% consideram minimamente importante. Ainda sobre a escolha para o Supremo, ser católico ou evangélico foi considerado nada importante por pelo menos 57% dos entrevistados.

Tanto o critério de cor quanto o de raça, entretanto, estão sendo rejeitados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a escolha para o cargo. Em entrevista a jornalistas, ele afirmou que “já passou por tudo isso” e que busca uma pessoa que “possa servir ao Brasil”.

Percepção sobre o STF

A pesquisa mostrou ainda que 44,7% não confia no trabalho e nos ministros do STF, enquanto 44,5% confiam, outros 7,8% disseram não saber. Quando são consideradas apenas as respostas daqueles que votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2022, o índice dos que não confiam sobe para 94,5%. Entre os eleitores de Lula, o percentual cai para 7,1%.

Questionados se odeiam os ministros da Corte, 51,7% disseram que não odeiam, mas têm opinião negativa sobre alguns deles, 16% afirmaram categoricamente que odeiam e 32,3% responderam o contrário, disseram que têm opinião positiva sobre a maioria dos magistrados. No recorte entre os eleitores de Bolsonaro, o índice dos que odeiam os ministros vai a 31,3%. Entre os de Lula, cai para 3,4%.

Sobre a decisão da Corte de condenar os participantes dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, 45,4% disseram concordar e 40,7% discordar. Por outro lado, uma maioria (54,1%) discordou da decisão do ministro Dias Toffoli de anular as provas colhidas durante a Lava Jato e o acordo de leniência fechado com a Odebrecht.

Avaliação de governo

Em relação ao presidente Lula, 51,5% o aprovam enquanto 46% desaprovam e 2,5% disseram não saber. Já o governo é avaliado como bom e ótimo por 44,1% e ruim ou péssimo por 41,5%, 13,1% consideram regular. Na comparação com o governo anterior, do ex-presidente Jair Bolsonaro, a área melhor avaliada é a de relações internacionais, seguida de direitos humanos e igualdade racial, além de redução da pobreza e políticas sociais.

Sobre as propostas de uma maneira geral, a maioria é a favor da adoção de uma reforma tributária (58%) e contra a instalação de uma ditadura militar (73%), da legalização da maconha (73%) e da legalização do aborto (68%). Os principais problemas do país foram considerados a criminalidade e tráfico de drogas (56,7%) e a corrupção (56%).

A AtlasIntel fez 3.038 entrevistas entre os dias 20 e 25 de setembro, com metodologia de recrutamento digital aleatório. O nível de confiança é de 95% e a margem de confiança é de 2,2 pontos percentuais.