Inteligência artificial

O potencial da IA no setor público

Ferramenta pode ajudar órgãos governamentais na condução de políticas públicas

setor público IA
Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A crescente adoção da inteligência artificial (IA) por empresas ao redor do mundo no último ano não é mais uma novidade, entretanto, todas as organizações estão buscando a melhor maneira de aplicar essa tecnologia em seus negócios e processos. Quando pensamos no setor público, além da discussão sobre a regulamentação e adoção responsável da IA, essa ferramenta tem todo o potencial para ajudar os órgãos governamentais na condução de políticas públicas.

Quando a IA é utilizada como um copiloto, por exemplo, os recursos que ela proporciona – por ser uma poderosa ferramenta capaz de criar conteúdo original para compilar e analisar grandes volumes de dados – ajudam a reduzir o tempo que os servidores usam para executar tarefas rotineiras, principalmente as que são repetitivas, liberando-os para que apliquem seu conhecimento e habilidades em trabalhos que requerem mais atenção. Além disso, permite tomadas de decisões mais assertivas, melhorando a eficiência e transparência dos processos administrativos, especialmente desafiadores na administração pública.

Pensando em como auxiliar no entendimento do poder revolucionário da IA generativa, a Microsoft Brasil lançou, em novembro de 2023, um guia, elaborado em parceria com o Centro de Liderança Pública (CLP). Sua finalidade é explicar para as instituições públicas como a inteligência artificial pode ser uma importante ferramenta para transformar positivamente o setor, melhorando seu desempenho em benefício do cidadão brasileiro, além de promover o uso ético e responsável dessa tecnologia.

Um exemplo desse uso transformador pode ser encontrado na experiência da Advocacia-Geral da União (AGU). A instituição responsável pela representação judicial da União adotou soluções de IA generativa para agilizar processos jurídicos e diminuir custos operacionais. Por meio da tecnologia GPT-4, incorporada na solução Microsoft Azure OpenAI Service, está potencializando o trabalho de seus advogados ao integrar o Sapiens, gerenciador eletrônico de documentos da instituição para analisar 20 milhões de processos judiciais.

Com uma média de 10 mil citações por dia, além de 80 mil intimações diárias, utilizar IA demonstrou ser uma solução eficiente para analisar e prever resultados de maneira veloz, facilitando a tomada de decisões que serão a base para a elaboração de novas estratégias processuais.

Outro uso transformador da IA é quando a tecnologia é aplicada no combate ao desmatamento. Sabemos que preservar a floresta amazônica, que tem um papel essencial na regulação do clima, na produção de oxigênio, na captura de carbono e na proteção da biodiversidade, é um dos desafios do Brasil.

Para apoiar essa causa, a Microsoft, em parceria com o Fundo Vale e o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), organização com mais de 30 anos de experiência na conservação ambiental na região, criou a plataforma PrevisIA, uma aplicação que usa a IA e recursos avançados em nuvem para identificar áreas de maior risco de desmatamento na Amazônia. A estimativa da ferramenta para 2023/2024 é que o desmatamento seja próximo de 11.805 quilômetros quadrados.

A ferramenta, então, permite mais agilidade para a implementação de ações preventivas de combate e controle do desflorestamento. Ao fornecer aos gestores públicos insights acionáveis e automatizando processos, a tecnologia desempenha um papel importante na construção de sociedades mais eficientes, transparentes e inclusivas.

Liderança no G20 pode ajudar na adoção efetiva da IA

A economia brasileira, de maneira geral, pode se beneficiar quando tivermos uma adoção efetiva da IA gerando desenvolvimento social. Dados de pesquisa da consultoria FrontierView feita em 2020 já indicava que essa tecnologia pode adicionar 4,2 pontos percentuais, anualmente, no PIB do Brasil até 2030.

E o Brasil está em um papel fundamental que pode ajudar a alcançar esse número, já que, desde dezembro de 2023, preside o G20, grupo formado por 19 países mais a União Europeia e a União Africana, que representam 85% do PIB mundial.

A atuação do país para a difusão do uso responsável da tecnologia é primordial, especialmente por estar à frente desse grupo, fundamental para elevar o nível do debate em torno da aplicação da IA, uma vez que as inovações derivadas desta tecnologia são extremamente benéficas e podem ajudar a ampliar o potencial das pessoas, apoiando na execução de tarefas mais operacionais, deixando-as livres para a execução de atividades mais estratégicas.

À medida que avançamos para um futuro em que a adoção da IA será cada vez maior, é crucial que continuemos a colaborar e inovar, buscando soluções que beneficiem a todos, sempre com o compromisso contínuo com a ética, a transparência e a responsabilidade, em busca da verdadeira revolução que a IA pode trazer para toda a sociedade.