Nas últimas semanas, vivenciamos a fase mais acentuada e grave da pandemia de Covid-19 no Brasil. Atingimos números aterrorizantes, nos aproximando rapidamente da marca de quase 400 mil mortos pela Covid-19, e vemos nossa esperança pela imunização ser abalada, uma vez que as estimativas de novas doses são revistas e reduzidas a cada semana.
Diante deste cenário, precisamos cada vez mais investir em soluções que possam reduzir os efeitos perversos da crise e, especialmente, salvar vidas. Tais soluções podem ser especialmente empregadas pelos governos do país, atores fundamentais no combate à pandemia de Covid-19.
No último ano, acompanho os exemplos exitosos decorrentes da aplicação de tecnologias e inovação como aliadas no combate à pandemia. Especialistas em saúde, gestores públicos e tomadores de decisão estão cada vez mais abertos e demandam muitas das soluções disponíveis, desde conhecimento sobre dados e estimativas, aplicativos para a gestão de benefícios sociais, além de tecnologias que permitam o trabalho remoto de instituições fundamentais para o momento atual.
A utilização exponencial das tecnologias pela gestão pública certamente será um dos legados trazidos pela pandemia. Muitos já estão atentos a esse aspecto, buscando refletir sobre as potencialidades, desafios e aplicações dessas novas experiências, especialmente considerando o contexto das cidades.
Um olhar atento para as cidades
Um exemplo de tais iniciativas é a conferência CityLab, criada pela Bloomberg Philanthropies. Localizada nos Estados Unidos, essa organização filantrópica atua em cinco principais áreas – artes, educação, meio ambiente, inovação governamental e saúde pública – e já contribuiu com a gestão de mais de 800 cidades e 170 países em todo o mundo.
Em sua edição de 2021, a conferência trouxe insights valiosos para a gestão da pandemia e a recuperação pós-crise. Os palestrantes discutiram questões estratégicas sobre o futuro das cidades, tais como neutralidade de carbono, a construção de municípios mais justos, caminhos para a redução das desigualdades raciais e de renda e o combate às ameaças cibernéticas enfrentadas pelos governos.
Mas o grande destaque do evento foi a fala de Kamala Harris, vice-presidente eleita dos Estados Unidos. Ela falou como a pandemia de Covid-19 transformou os governos, acelerando de maneira exponencial a transformação digital. Inovações surgiram, novas formas de atendimento, digitalização de serviços e o melhor, um olhar cada vez mais focado nos usuários dos serviços públicos e muito atento às suas necessidades.
Como proposta para superação da crise, a vice-presidente defendeu dois pontos fundamentais: a garantia de investimentos na infraestrutura das cidades e a criação de novos empregos, especialmente aqueles relacionados ao empreendedorismo, como pequenos empresários e tantos outros.
E ao mencionar o pacote de medidas para superação da crise que está em discussão pelo governo, Kamala Harris foi enfática: “nós queremos que as cidades possam prosperar e não só sobreviver à crise”. Precisamos ir além, sonhar grande e planejar o futuro que queremos e merecemos.
Outro exemplo de sucesso é o Coronacidades, uma iniciativa da Impulso Gov, do Instituto Arapyaú e do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS).
Trata-se de uma plataforma que oferece apoio gratuito a gestores públicos municipais no enfrentamento à crise. Com um conjunto de estudos, guias, ferramentas, palestras e consultas a especialistas, o Coronacidades vem trazendo evidências científicas que apoiam a tomada de decisão da gestão pública.
A mais recente iniciativa busca promover diálogos sobre experiências de combate ao coronavírus. O último evento contou com a participação das cidades de Belo Horizonte e Araraquara, que adotaram medidas restritivas para o controle da pandemia. No próximo dia 29 de abril, será a vez de discutir sobre os desafios da gestão estadual, com a participação de governadores dos estados de Maranhão e Rio Grande do Sul – você pode se inscrever para o evento aqui.
Ainda temos um longo caminho à frente para que possamos superar a crise de coronavírus e somente com o uso de tecnologias e inovações, aliado à cooperação, a troca de melhores práticas e a definição conjunta de alternativas, poderemos enfrentar esse desafio que é sistêmico e global.
E nesse caminho, estamos também diante da possibilidade ímpar de criar as bases para tudo o que virá depois. A partir das experiências, aprendizados e conexões que estabelecemos agora, podemos também apoiar o desenvolvimento das cidades nos próximos anos.