O ano útil da eleição presidencial mais importante do país desde a redemocratização começou com bastante agitação no meio político, com fatos importantes envolvendo os três principais candidatos, dando um indicativo do que virá pela frente.
Jair Bolsonaro (PL), depois de um fim de ano muito pressionado por insistir nas férias enquanto uma parte importante do país sofria consequências de enchentes, usou a internação decorrente de uma obstrução intestinal para lembrar os apoiadores da facada que recebeu em 2018, pouco antes de sua vitória nas urnas.
Assim, ele resgata diversos componentes importantes para manter sua base de apoio unida e engajada. Após receber alta, dobrou a aposta no questionamento às vacinas. Aqui, há um aspecto relevante: os políticos, sobretudo do centrão, não gostaram.
Se o presidente optar por animar seus apoiadores mais ideológicos, certamente vai incomodar a sua base legislativa e os partidos mais pragmáticos que ainda estão trabalhando no projeto de reeleição dele.
O favoritismo começa a pregar peças em Lula.
Esta semana foi tempo de resgatar Guido Mantega e os fantasmas da matriz econômica que levou o país à grande recessão e revisitar as origens sindicais com a promessa de revisão da reforma trabalhista.
Uma pegada bem diferente daquela do final de 2021, quando a aproximação com Geraldo Alckmin vinha servindo para apresentar o ex-presidente rumo à moderação em busca de uma frente mais ampla de apoio para sua campanha e até visando futura governabilidade.
Não bastasse, foi aberto precocemente um debate interno sobre o que fazer com a ex-presidente Dilma Rousseff na campanha. Há uma ala que deseja que Lula faça uma defesa do legado dela, e outra, mais numerosa, que defende que ela fique bem longe dos holofotes no ano eleitoral.
Por fim, a terceira via, que começa 2022 sob intenso ataque. Sergio Moro, candidato desse campo com maior intenção de votos até agora, se viu obrigado a se lançar numa maratona de viagens pelo Nordeste para mostrar que está resiliente na campanha para presidente, a despeito das dúvidas que marcam a competitividade dele.
Em resumo, a primeira semana útil do ano já nos dá elementos para concluir que a corrida eleitoral será muito condicionada a variáveis que estão fora do controle dos candidatos à presidência em 2022. Portanto, prognósticos precipitados tendem ser perigosos. A imensa maioria do eleitorado está preocupada com questões pragmáticas que envolvem o próprio bolso e a própria saúde, já que, infelizmente, a pandemia está longe de ser assunto do passado.
As análises completas de Fabio Zambelli, analista-chefe do JOTA, sobre a semana para o governo estão disponíveis também no perfil do JOTA no Instagram (@jotaflash) às sexta-feiras.