![flávio bolsonaro](https://images.jota.info/wp-content/uploads/2023/08/53122634672-e8bb22d1f4-k-1024x683.jpg)
À CPMI do 8 de janeiro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que as conversas citadas pelo hacker Walter Delgatti Neto em depoimento ao colegiado “não foram para fazer invasão em sistema eleitoral nenhum”. De acordo com o senador, Delgatti, conhecido como “hacker da Vaza Jato”, foi contatado para colaborar e mostrar possíveis vulnerabilidades nas urnas eletrônicas. Ao falar sobre conversas com o ex-presidente Jair Bolsonaro, com a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e com o interino das Forças Armadas, Flávio Bolsonaro disse:
“Foi, na verdade, uma sondagem para que ele [Delgatti] pudesse, junto com aquele grupo das Forças Armadas, que estava legalmente junto ao TSE, fazer os testes em urnas, pudesse mostrar para o TSE possíveis vulnerabilidades das urnas. Essa narrativa aqui que foi criada pela manhã inteira de que ele foi contratado para fraudar as eleições é uma mentira”.
Ainda segundo o senador, foi criado um “terror”, como se Bolsonaro tivesse contratado o hacker para violar as urnas. “As conversas sempre foram no sentido de instruir o TSE. Para mostrar ao TSE que dá para melhorar a segurança das urnas. E foi nesse aspecto que o senhor [Delgatti] foi contatado. Então, para que ficar mentindo aqui?”.
Em seguida, o senador questionou Delgatti sobre uma possível amostragem para violar as urnas. “O senhor, em algum momento, disse que o teste de integridade, se conseguissem ter em 600 urnas, de forma aleatória, e se comprovasse a vulnerabilidade, estatisticamente seria suficiente para mostrar que todas as urnas seriam frágeis? Não é o senhor que falou isso com alguém?”, perguntou.
Delgatti fez uso do direito de ficar em silêncio. Na primeira parte da audiência, realizada pela manhã desta quinta-feira (17/8), o hacker afirmou que teve conversas com o ex-presidente e com Zambelli sobre a integridade das urnas eletrônicas. Ele disse ainda que o ex-presidente afirmou que tinha “grampos” contra o ministro Alexandre de Moraes.
“Segundo ele [Jair Bolsonaro], esse grampo já havia sido realizado, teria conversas comprometedoras do ministro e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo, lembrando que eu era o hacker da Lava Jato. Então seria difícil a esquerda questionar essa autoria porque lá atrás eu havia assumido a Lava Jato, que realmente fui eu, e eles apoiaram. Então a ideia seria o garoto da esquerda assumir esse grampo”, disse.
O hacker disse que aceitou a proposta por ter sido feita por um presidente da República. Em troca, Bolsonaro teria lhe prometido um indulto. “Ele ainda disse assim, olha, se por ventura alguém te prender, eu vou prender o juiz. Ele usou essa frase.” Delgatti afirmou também que, segundo Bolsonaro, as interceptações haviam sido realizadas por “agentes de outro país”. “Não sei se é verdade, se realmente aconteceu o grampo, porque eu não tive acesso a ele”, disse o hacker ao colegiado.
Na rede social X (antigo Twitter), Fabio Wajngarten, advogado do ex-presidente, negou a existência de grampo “por parte do entorno primário” de Bolsonaro.