STF

STF homologa delação em que Delcídio envolve Lula na Lava Jato

Pular para conteúdo
Whatsapp
comentários

Capítulo 1

O pedido e a delação

O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, homologou os termos propostos pelo senador Delcídio do Amaral para colaborar com as investigações da Lava Jato e reduzir sua pena.

Ex-líder do governo no Senado, preso em novembro do ano passado, ele apontou o envolvimento do ex-presidente Lula na “trama”, além de esclarecer “diversos fatos que interessam diretamente à investigação”, segundo o procurador Geral da República, Rodrigo Janot.

Delcídio prestou depoimento nos dias 11 a 14 de fevereiro, segundo o pedido feito por Janot para que o STF aceitasse o acordo de delação premiada. Um trecho do documento, assinado no dia 18 de fevereiro, diz:

“Nas declarações prestadas no bojo do presente acordo, o colaborador esclarece que outras pessoas estão envolvidas na trama, tais como a familia Bumlai e o ex-presidente Luiz lnâcio Lula da Silva”, afirma Janot.

Ao homologar o acordo, o ministro suspendeu o sigilo do processo. O processo é julgado por Teori diante da prerrogativa de foro de Delcídio do Amaral e outros envolvidos. Como senador, ele deve responder ao STF.

Em café da manhã com jornalistas, o advogado geral da União, José Eduardo Cardozo minimizou a importância da delação premiada como elemento de convicção de culpa de suspeitos.

“Delação não é uma prova, é apenas um depoimento”, assinalou, momentos antes de vir a público a homologação do acordo de Delcídio do Amaral. “Uma delação em si não é prova de nada.”

Em um trecho da delação, Delcídio diz que as construtoras Odebrecht e OAS são mais “petistas”, enquanto a Andrade Gutierrez seria mais “tucana”. A identificação ideológica, porém, não as impedia de doar para ambos os partidos, de acordo com o senador. Leia a íntegra:

+JOTA: Leia o despacho do ministro Teori Zavascki

+JOTA: Leia a primeira parte do acordo de delação de Delcídio do Amaral

+JOTA: Leia a segunda parte do acordo de delação de Delcídio do Amaral

+JOTA: Leia a segunda parte do acordo de delação de Delcídio do Amaral

O acordo de delação de Delcídio do Amaral prevê que o parlamentar ficará dois anos e meio em prisão domiciliar e depois terá que prestar mais seis meses de serviços à comunidade. O acordo prevê também que ele só poderá ser condenado a, no máximo, 15 anos de prisão.

Pelo acordo, Delcídio ficará 1 ano e meio em regime semiaberto a partir da homologação do acordo e mais 1 ano em regime aberto, ambos em prisão domiciliar.

No período em que estiver cumprindo a pena no regime semiaberto, ele terá que permanecer em casa e só poderá sair de casa para o Congresso Nacional. Nos feriados e finais de semana, deverá permanecer em casa.

Delcídio não pode ter contatos reservados com outros investigados da Lava Jato. Mas, no Congresso, pode ter conversas institucionais.

Capítulo 2

Investidas do Planalto - Trecho da delação

1. PRIMEIRA INVESTIDA DO PLANALTO

A despeito dos discursos do governo com relação à sua isenção nos rumos da Operação Lava-Jato, e indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, JOSE EDUARDO CARDOZO e da própria Presidenta DILMA ROUSSEF, no sentido de tentar promover a soltura de réus presos no cursa da referida operação, fez parte dessa articulação o advogado SIGMARINGA SEIXAS, figura influente quando se trata, no governo, de indica~5es para os Tribunais Superiores, Nas conversas com JOSE EDUARDO CARDOZO, DILMA se refere a SIGMARINGA como “the old man”, Nesta primeira investida do planalto, em tentar alterar os rumos da Operação Lava Jato, salta aos olhos pela ousadia, o encontro realizado em 07/07/2015 (18 dias após a prisão de MARCELO ODEBRECHET e OTAVIO AZEVEDO) entre DILMA, JOSE EDUARDO e o Ministro Presidente do STF Ricardo Lewandowski, numa escala em Porto (Portugal) para supostamente falar sobre o reajuste das verbas do Poder Judiciário. A razão apontada pela presidência e absolutamente injustificável ate porque, à época, DELCIDIO DO AMARAL, como líder do Governo, era quem conduzia as negociações sobre o tema no Senado. A razão principal do encontro, em verdade, foi a mudança dos rumos da Operação Lava-Jato. Contudo, a reunião foi um fracasso, em função do posicionamento retilíneo do ministro Lewandowski, ao afirmar que não se envolveria.

 

2. SEGUNDA INVESTIDA DO PLANALTO

Em virtude da falta de êxito na primeira investida, mudou-se a estratégia, que se voltou, então, para o STJ. JOSE EDUARDO esteve em Florianópolis, em agenda institucional, salva engano, em um final de semana, aproveitando o ensejo para conversar com o governador COLOMBO, de se. A ideia era indicar para uma das vagas do STJ o presidente do TJ/SC, Dr. NELsON sCHAEFER. Em contrapartida, o ministro convocado, o Dr. Trisotto, votaria pela libertação dos Acusados MARCELO ODEBRECHT e OTÁVIO MARQUES DE AZEVEDO (ANDRADE GUTIERREZ). A investida foi em vão porque o Desembargador convocado Trisotto se negou a assumir tai responsabilidade espúria. Mais um fracasso de JOSE EDUARDO CARDOZO em conseguir uma nomeação.

 

3. TERCEIRA INVESTIDA DO PLANALTO

Apas os dois fracassos anteriores, rapidamente desenhou-se uma nova “solução” que passava pela nomeação do DR. MARCELO NAVARRO, Desembargador Federal do TRF da 5ªQ Região, muito ligado ao Ministro e Presidente do STJ, Dr. FRANCISCO FALCÃO. Tai nomeação seria relevante para o Governo, pois o nomeado entraria na vaga detentora de prevenção para o julgamento de todos os Habeas Corpus e recursos da Operação Lava-Jato no STJ. Na semana da definição da nova estratégia, DELCIDIO DO AMARAL esteve com a Presidenta DILMA no Palácio da Alvorada, para uma conversa privada. DELCIDIO e a Presidenta DILMA conversaram enquanto caminhavam pelos jardins do Palácio da Alvorada e DILMA solicitou que DELCIDIO conversasse com o Desembargador MARCELO NAVARRO, a fim de que ele confirmasse o compromisso de soltura do MARCELO e de OTÂVIO. DELCIDIO DO AMARAL, como Líder do Governo, participou diretamente dessas tratativas. Conforme combinado, DELCIDIO DO AMARAL se encontrou com o Desembargador MARCELO NAVARRO no próprio Palácio do Planalto, no andar térreo, em uma pequena sala de espera, o que poderá ser atestado pelas câmeras do Palácio do Planalto. Nessa reunião, muito rápida pela gravidade do tema, o Dr. MARCELO ratificou seu compromisso, alegando inclusive que o Dr. FALCÃO já o havia alertado sobre o assunto. Dito e feito. A sabatina do Dr. MARCELO pela Senado e correspondente aprovação ocorreram em tempo recorde. Em recente julgamento dos Habeas Corpus impetrados no STJ, confirmando o compromisso assumido, o Dr. MARCELO NAVARRO, na condição de Relator, votou favoravelmente pela soltura dos dois executivos (MARCELO e OTÁVIO), entretanto, obteve um revés de 4 X 1 contra o seu posicionamento, vez que as prisões foram mantidas pelos outros Ministros da 5ª Turma do STJ. O teor da conversa que DELCIDIO DO AMARAL teve com o Dr. NAVARRO foi transmitido, na ocasião, de imediato à presidenta DILMA e ao ministro

JOSE EDUARDO CARDOSO.

Capítulo 3

Entrada de Lula e Bumlai - Trecho da delação

3. ENTRADA DE LULA E BUMLAI

LULA pediu expressamente a DELCIDIO DO AMARAL para “ajudar” o BUMLAI porque, supostamente, ele estaria implicado nas delações de FERNANDO SOARES e NESTOR CERVERO. No caso, DELCIDIO intermediaria o pagamento de valores à família de CERVERO com recursos fornecidos por BUMLAI. DELCIDIO explicou a LULA que com o JOSE CARLOS BUMLAI seria difícil falar, mas que conversaria com o filho, MAURÍCIO BUMLAI, com quem mantinha uma boa relação. DELCIDIO, vendo a oportunidade de ajudar a família do NESTOR, aceitou intermediar a operação. A primeira remessa de R$ 50.000,00, foi entregue peoa próprio DELCIDIO DO AMARAL, em mãos do advogado EDSON RIBEIRO, após receber a quantia de MAURICIO BUMLAI, em um almoço na churrascaria Rodeio do Iguatemi em 22/05/2015 (em anexo existe base documental disso). As entregas de valores a família de NESTOR CERVERO se repetiram em outras oportunidades. Nessas outras oportunidades, quem fez a entrega foi assessor DIOGO FERREIRA (em anexo existe base documental disso). O total recebido pela família de NESTOR foi de R$ 250.000,00. O próprio BERNARDO recebeu em “espécie” do DIOGO. ANDRE ESTEVES, preocupado com a eventual implicação de seu nome e as consequências para o Banco BTG, inicialmente consentiu em colaborar, desistindo depois porque já dispunha de todas as informações a respeito das delações que, seguidamente, o próprio NESTOR vinha fazendo. ANDRE ESTEVES Em várias situações, manifestou grandes preocupações com o BTG, especialmente, no que se refere a operação de embandeiramento de postos da rede ASTER, de propriedade do empresário Carlos Santiago, além da aquisição de 50% da PetroAfrica junto à Petrobras. 

Indicação de Nestor Cerveró

Diferentemente do que afirmou DILMA ROUSSEF em outras oportunidades, a indicação de NESTOR CERVERO para a Diretoria Financeira da BR DlSTRIBUIDORA, contou efetivamente com a sua participação. DELCIDIO DO AMARAL tem conhecimento desta ingerência, tendo em vista que, no dia da aprovação pela Conselho, estava na Bahia e recebeu ligações de DILMA. DELCIDIO estava na Bahia para participar de um casamento em salvador. Por tal razão, não e correta a afirmação que a Diretoria Financeira da BR DlSTRIBUIDORA tenha sido produto de entendimento exclusivo entre LULA e DUTRA. DILMA ROUSSEF teve atuação decisiva, comprovada através das ligações mencionadas, quando da sua chegada ao Rio de Janeiro para a reunião do Conselho de Administração da Petrobras. DILMA ROUSSEF ligou para DELCIDIO perguntando se o NESTOR já havia sido convidado para ocupar a Diretoria Financeira da BR Distribuidora. Depois, ligou novamente, confirmando a nomeação de NESTOR para o referido cargo, o que restou concretizado na segunda-feira, 03/03/2008 quando da posse do NESTOR na BR DlSTRIBUIDORA e de JORGE ZELADA na área Internacional da Petrobras.

Capítulo 4

Silêncio de Marcos Valério - Trecho da delação

No dia 14/02/2006 foi realizado um jantar na casa de CLEIDE, nesta oportunidade estavam presentes MARCOS VALERIO e ROGERIO TOLENTI NO. Na ocasião, foi conversado sobre o pagamento de uma dívida, prometida por PAULO OKAMOTO em Belo Horizonte, a fim de que MARCOS VALERIO silenciasse em relação as quest6es do Mensalão. Nos dois dias seguintes, DELCIDIO DO AMARAL se reuniu, sucessiva- mente: primeiro, com PAULO OKAMOTO, a fim de que ele cumprisse com o prometido em Belo Horizonte (de acorda com MARCOS VALERIO, o valor seria de R$ 220 milh6es); segundo, com o então Presidente LULA, sendo que na conversa DELCIDIO disse expressamente ao Presidente: “acabei de sair do gabinete daquele que o senhor enviou a Belo Horizonte. Corra Presidente, senão as coisos ficarão piores do que já estão”. 

No dia seguinte, DELCIDIO DO AMARAL recebeu uma ligação do então Ministro da Justiça MARCIO THOMAZ BASTOS na qual este disse: “Parece que a sua reunião com o Lula foi muito boa, né?”. A resposta de DELCIDIO foi a seguinte: “Não sei se foi boa pra ele!”

Na sequência, Ministro da Fazenda PALOCCI ligou para DELCI DIO dizendo que o LULA estava “injuriado” com ele em razão do teor da conversa. Contudo, PALOCCI disse que estaria, a partir daquele momento, assumindo a responsabilidade pelo pagamento da dívida. MARCOS VALERIO recebeu, mas não a quantia integral pretendida. De todo modo, a história mostrou a contrapartida: MARCOS VALERIO silenciou.

 

Esquema de Furnas operado por Dimas Toledo DELCIDIO DO AMARAL teve conhecimento de um grande esquema de corrupção que ocorria em Furnas, operado por DIMAS TOLEDO. Tai esquema já foi mencionado, “em passant”, anteriormente por ALBERTO YOUSSEF, tendo se referido à participação de AÉCIO NEVES no esquema. DELCIDIO DO AMARAL confirma que esta referência ao Senador Mineiro tem fundamento. A corroboração de que YOUSSEF tinha conhecimento do esquema, e o fato de que ele mencionou a pessoa de DIMAS TOLEDO, experiente e competente profissional do setor elétrico.

 

DIMAS TOLEDO era o operador do esquema de corrupção em Furnas pela PSDB. O esquema de Furnas atendia vários interesses espúrios do PP, do PSDB e depois de 2002, do próprio PT. DELCIDIO DO AMARAL, em viagem a Campinas com o presidente LULA, foi perguntado pela Ex-Presidente sobre a atuação de DIMAS: “DELCÍDIO, quem e esse cara?” DELCIDIO respondeu: “E um profissional do setor elétrico. Por que senhor me pergunta isso?” LULA respondeu: “E porque Janene veio me pedir pela permanência dele, depois AÉCIO e até PT, que era contra, já virou favor da permanência dele. Deve estar roubando muito!”

DELCIDIO sabe que DIMAS TOLEDO sempre teve informações relevantes de vários governos estaduais e federais, vez que era Diretor de Engenharia de FURNAS, tanto que o então Ministro JOSE DIRCEU afirmou: “Se colocarem o Dimas como ascensorista de Fumas, ele manda no presidente”.

 

2. ILÍCITOS ESPECÎFICOS ENVOLVENDO BUMLAI

2.1 AQUISIÇÃO DA SONDA VITÓRIA

De todas as ações ilícitas de BUMLAI, uma das mais relevantes e a aquisição/operação, pela PETROBRAS, da sonda Vitória 10.000, cujos desdobramentos políticos e financeiros são muito maiores do que os divulgados. Ao que se sabe, a aquisição/operação da Sonda teria sido feita com a finalidade, entre outras, de quitar dívida de BUMLAI com o BANCO SCHAHIN, dívida essa que era de R$ 12 milhões. O contrato girou em tomo de US$ 1.6 bilhões. O negocia não atendeu única e exclusivamente o contrato bancário citado. A realidade, e que a compra da sonda não só quitou os R$ 12 milhões de dívidas de BUMLAI com a SCHAHIN, como serviu, entre outras coisas, para pagar dívidas da campanha presidencial de LULA em 2006, bem como para financiar a campanha do Or. HELIO DE OLIVEIRA SANTOS para a prefeitura de Campinas/SP, entre outros interesses. Muito provavelmente o valor da operação Sonda Vitória 10.000 alcançou R$ 20 milhões, de forma a atender diversas frentes ilícitas que o Governo necessitava atender.

2.2INCLUSAO DA CONTERN NO CONSDRCIO BELO MONTE

Especial atenção deve ser dada à inclusão no Consórcio Belo Monte da empresa CONTERN – Construções e Comércio Ltda. Trata-se de uma empresa pertencente ao GRUPO BERTIN e sempre contemplada nos certames do governo federal. A família BERTIN tem uma longa história de neg6cios com JOSE BUMLAI, negócios estes que incluem: usinas termelétricas, investimentos em óleo diesel no Nordeste do País (grande problema para a Aneel em função de lastro de energia, face aas atrasas de motorização das mesmas), usina de São Fernando de Açúcar e Álcool e frigoríficos.

2.3 LOBBY DE BUMLAI

DELCIDIO tem conhecimento de que BUMLAI foi fundamental na liberação de financiamentos pela BNDES as empresas FRIBOI, MARFRIG, BERTIN entre outras. BUMLAI também realizava um lobby agressivo com relação as termoelétricas buscando perdão das dívidas de energia. Em determinada oportunidade. DELCIDIO DO AMARAL foi procurado por MAURÍCIO BUMLAI (filho de JOSE BUMLAI) para atuar na “resolução de assunto” junto à ANEEL, entretanto não DELCIDIO conseguiu atender ao que era pretendido. O “prêmio” oferecido pelo filho de JOSE BUMLAI a DELCIDIO, em caso de êxito, era de R$ 01 milhão.

Capítulo 5

Sítio e personalidades - Trecho da delação

2.4 INSTITUTO LULA E CONSTRUCAO DA SITIO DE LULA

JOSE CARLOS BUMLAI foi o principal responsável pela implementação do INSTITUTO LULA, disponibilizando de todo o aparato logístico e financeiro para a criação do referido instituto. BUMLAI também foi a pessoa que ficou responsável, em um primeiro momento, pelas obras no sitio de Atibaia do ex-presidente Lula. DELCIDIO tem conhecimento de que BUMLAI já tinha, inclusive, contratado arquiteto e engenheiro para a realização das obras. Esse engenheiro seria alguém de Dourados/MS que trabalhava com BUMLAI. Contudo, a realização das obras por BUMLAI foi abortada por LEO PINHEIRO, outro grande amigo do presidente, que pessoalmente, se dispôs, a fazer o “serviço” por conta própria, através da empreiteira OAS, em um curto espaço de tempo.

2.5 RELACAO DE BUMLAI COM ANDRE ESTEVES

DELCIDIO tem conhecimento de que a relação de JOSE CARLOS BUMLAI com ANDRE ESTEVES sempre foi negocial e amistosa. Entre seus negócios destacam-se a venda de uma das fazendas de BUMLAI para ANDRE ESTEVES, em 2012, situada no município de Miranda/MS. Essa fazenda hospedava, sistematicamente, o presidente LULA. Os valores envolvidos na transação e a maneira que esta foi realizada apontam para a existência de ilicitudes.

 

2.6 CAMPOS DE PETRÓLEO DE ANGOLA

DELCIDIO tem conhecimento de que outra frente de atuação de BUMLAI se deu com relação nos campos de petr61eo de Angola. As negociações foram intermediadas pela general Angolano JOAO BAPTISTA DE MATOS. BUMLAI esteve inclusive na ilha paradisíaca desse general para tratar desse assunto espúrio. DELCIDIO sabe que BUMLAI participou de um dos momentos das negociações envolvendo os campos de petr6leo, ou da aquisição dos campos, quando da compra pela Petrobras, ou quando GRAÇA FOSTER vendeu-os, posteriormente, para o BTG. Em conversas que DELCIDIO teve sobre o assunto com o presidente LULA, o mesmo comentou que ANDRE ESTEVES estava muito preocupado com esse tema. 

 

1. AS PERSONALIDADES

1.1. PALOCCI

DELCIDIO DO AMARAL sabe que PALOCCI e o homem que dialoga com empresários, principalmente do sistema financeiro e industrial, sempre seguindo rigorosamente as ordens de LULA. PALLOCI e a pessoa que conversa objetivamente sobre recursos (ilícitos e lícitos) de campanha e definição dos grandes neg6cios de interesse do PT em todo o país. PALLOCI e, sem dúvida, a cabeça pensante do partido com relação a temas econômicos financeiros e de infraestrutura.

DELCIDIO sabe que PALLOCI atua também como formulador de demandas dos grandes empresários junto ao Governo e ao Congresso Nacional, transitando com muita facilidade junto ao Ministério da Fazenda, por razões óbvias, bem como junto a bancos estatais e fundos de pensão.

1.2. ERENlCE GUERRA

DELCIDIO DO AMARAL conhece ERENICE desde quando foram colegas na no setor elétrico. ERENICE GUERRA acompanhou DILMA ROUSSEF desde o início do governo LULA, tendo trabalhado coma Consultora Jurídica no Ministério de Minas e Energia quando DILMA era ministra, acompanhando-a depois na Casa Civil. Como ministra da Casa Civil, programas inacabados na principalmente, aos projetos ERENICE comandou com desenvoltura os principais gestão de DILMA, dedicando-se com afinco, energéticos e de infraestrutura. ERENICE fez uma aliança extremamente produtiva com o PT, através de PALLOCI e com o PMDB, através de SILAS RONDEAU, articulando os interesses dos dois grandes partidos aliados (PT e PMDB), com grande competência.

 

“PEDÁGIOS” COBRADOS NA CPI DA PETROBRAS

DELCIDIO DO AMARAL sabe de ilicitudes envolvendo o desfecho da CPMI que apurava os crimes no âmbito da PETROBRAS.

A CPMI de 2014 obrigava LEO PINHEIRO, JULIO CAMARGO e RICARDO PESSOA a jantarem todas as segundas-feiras em Brasília. O objetivo desses jantares era evitar que os empresários fossem convocados para depor perante a CPMI.

Os Senadores GIM ARGELO, VITAL DO REGO e os Deputados Federais, MARCO MAIA e FRANCISCHINI cobravam “pedágios” para não convocar e “evitar” maiores investigações contra LEO PINHEIRO, JULIO CAMARGO e RICARDO PESSOA. Os jantares em que foram discutidas “as não convocações” podem ser comprovados por gravações das câmeras nas residências de GIM ARGELO ou nas ruas através dos sistemas de segurança, bem como peles pr6prios trabalhos da CPMI.

Capítulo 6

Envolvimento de Temer e PMDB

Segundo Delcídio do Amaral, o vice-presidente Michel Temer foi responsável pela nomeação de João Augusto Henriques para a diretoria da BR-Distribuidora no fim do século passado. Henriques, preso na Lava Jato, teria comandado um “esquema do etanol”, com a aquisição ilícita do combustível entre 1997 e 2001.

“A relação entre João Henriques e Michel Temer é antiga e explica a sucessão de Nestor Cerveró na Diretoria Internacional da Petrobrás”, diz o anexo 16 da delação. “João Augusto foi o primeiro indicado apra essa diretoria para substituir Cerveró, entretanto foi vetado pessoalmente por Dilma Rousseff, substituído por Jorge Zelada, indicação do próprio João Augusto.”

No anexo 15, o senador contou que os executivos Léo Pinheiro, Júlio Camargo e Ricardo Pessôa acompanhavam de perto a CPI mista de investigação da Petrobras iniciada no último ano do primeiro mandato de Dilma Rousseff no Congresso Nacional. Eles jantavam semanalmente, às segundas-feiras, para evitar que fossem convocados pela CPMI.

“Os senadores Gim Argelo, Vital do Rego e os deputados federais Marco Maia e Francischini cobravam ‘pedágios’ para não convocar e ‘evitar’ maiores investigações” contra os executivos, segundo a delação. Os encontros poderiam ser comprovados por “gravações das câmaras nas residências de Gim Argelo ou nas ruas onde havia os restaurantes.

Delcídio do Amaral também aponta ilegalidades da oposição. O PFL baiano teria recebido “algo próximo de US$ 10 milhões” em um esquema comandado por Rodolpho Tourinho, aliado do político baiano Antônio Carlos Magalhães (morto em 2007), à época ministro de Minas e Energia do governo Fernando Henrique Cardoso. O desvio ocorreu na compra de máquinas da Alstom.

Ainda no governo Fernando Henrique, um esquema de “manipulação de spreads” em operações de “project finance” de exploração e produção de gás e petróleo também teria beneficiado a Brenco e o ex-presidente da estatal, Phillipe Reischstul. Com a manipulação dos spreads, parte do dinheiro ia para fundos de investimentos no exterior.

“Posteriormente, esses fundos reaplicam os recursos desviados em projetos no Brasil. Delcídio do Amaral conhece casos de ex-diretores da Petrobras que aplicaram tais fundos em plantas de etanol, como Phillipe Reichstul, ex-presidente da Petrobras, que usou desse expediente através da empresa Brenco”, diz trecho da delação.

No acordo, o senador Delcídio do Amaral cita os empreendimentos da usina de carvão de Candiota, no Rio Grande do Sul, estaleiros e contratos com a chinesa Sinopec como alvo da atuação de um grupo formado pelo presidente da Câmara de Comércio Brasil/China, Charles Tang, em conjunto com José Dirceu, Erenice Guerra, Antonio Palocci e Silas Rondeau.

Indicação de Nestor Cerveró para a diretoria da Petrobrás

Em trecho da delação, o senador narra como se deu a escolha de Nestor Cerveró para a direotira internacional da Petrobras, um dos focos de investigação da Lava Jato. Leia abaixo a transcrição do anexo 22:

DELCIDIO DO AMARAL tem conhecimento de que NESTOR CERVERO, a partir do apadrinhamento pela PMDB, passou a arrecadar grandes quantias para os representantes do referido partido. 

Em 2008, o atual Vice-Presidente MICHEL TEMER, teve grande influencia na d e NESTOR CERVERO p o r JORGE ZELADA, s e n d o q u e n a m e s m a oportunidade, CERVERO passou a ser Diretor Financeiro da BR DISTRIBUIDORA, narrada em anexos anteriores. 

DELCIDIO DO AMARAL participou da com LULA e ZECA do PT, em que foi sacramentada a de NESTOR CERVERO para Diretoria Internacional da PETROBRAS. 

Antes da para a Diretoria, NESTOR CERVERO era gerente da area de energia junto il presidencia da PETROBRAS. Ao ser criada a Diretoria de Gas e Energia, a gerencia que NESTOR ocupava foi deslocada para a nova Diretoria, foi quando DELCIDIO conheceu CERVERO. 

Com o enfraquecimento politica de DELCIDIO DO AMARAL, por conta de ter presidido a CPMI dos Correios em 2005, cujas atingiram severamente o PT, NESTOR CERVERO passou a ser apadrinhado pela PMDB, como uma “especie” de pelo apoio politica dado pela PMDB na campanha eleitoral de LULA em 2006.”

Conexão com o Mensalão

Aos investigadores, Delcídio disse que “empresas investigadas na operação Lava Jato” quitaram dívidas do empresário Marcos Valério, operador do Mensalão, “em troca do seu silêncio”.

O senador lança suspeitas sobre a ex-ministra da Casa Civil de Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann, em sua atuação como diretora da usina binacional Itaipu e na condução de concessões no porto de Santos. Ele diz que o marido de Gleisi, o também ex-ministro Paulo Bernardo, era o operador da hoje senadora, mas não há detalhes na versão pública da delação.

Delcídio foi preso em novembro sob suspeito de engendrar um plano de fuga para Nestor Cerveró, cujo custo de vida seria bancado pelo bilionário André Esteves, ex-presidente do BTG Pactual. O banqueiro, também detido pela Lava Jato e libertado pelo STF meses depois, teria forte atuação no Executivo e no Legislativo, segundo Delcídio do Amaral conta em sua delação.

O presidente da Câmara dos Deputados e réu da Lava Jato no Supremo, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) seria “menino de recados” de Esteves, incluindo emendas de interesse do banqueiro em medidas provisórias em tramitação no Congresso.

Delcídio cita uma emenda prevendo o uso de papéis conhecidos como Fundos de Compensação de Variações Salariais (FCVS) para que bancos bancos falidos quitassem dívidas com a União. Delcídio admite que chegou a marcar uma agenda entre Esteves e o ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para discutir essa possibilidade.

“Ressalte-se ainda, que o BTG e um dos maiores mantenedores do Instituto Lula, sendo que um dos instrumentos utilizados para repasse de valores seria o velho esquema de pagamento de ‘palestras’”, assinala o anexo 26 da delação. “Que André Esteves tem como seu “gendarme” junto ao instituto Lula e ao próprio ex-presidente Lula, o ex- Ministro Antonio Palocci.”

Antes de afirmar que Esteves “tem relações muito próximas aos fundos de pensão das empresas estatais”, Delcídio narra o interesse do ex-executivo em negócios internacionais da Petrobras.

“o BTG teve papel preponderante em varias campanhas eleitorais, sendo que a maior preocupação do ex-presidente Lula e Andre Esteves é com a PETRO AFRICA, uma operação polemica que levou a aquisição de 50% dos campos de petróleo, principalmente na Nigeria, pela BTG. O valor da foi muito aquém do que a própria Petrobras ja havia investido e o potencial dos poços (US$ 1,5 bilhões).”

Integrantes do clube de empreiteiras, o cartel que prejudicou a Petrobras e a Eletronuclear, a empresas Odebrecht e OAS seriam mais “petistas” na visão d Delcídio do Amaral, ao mesmo tempo em que a Andrade Gutierrez seria mais “tucana”. Isso não as impedia de doar para as campanhas de ambos os partidos.

Segundo Delcídio, “um instrumento bastante utilizado pela Presidente do BNDES, Luciano Coutinh é, de uma forma muito sutil, sinalizar com a de seus financiamentos, obrigando-os a viabilizar para campanhas eleitorais.”

Capítulo 7

Notas

 

Leia abaixo, na íntegra, todas as notas públicas de autoridades relacionadas por Delcídio do Amaral em sua delação:

Nota à Imprensa

A presidenta da República, Dilma Rousseff, repudia com veemência e indignação a tentativa de envolvimento do seu nome na iniciativa pessoal do ministro Aloizio Mercadante, no episódio relativo à divulgação, feita no dia de hoje, pela revista Veja.

Secretaria de Imprensa

Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República


O senador Delcídio do Amaral citou o nome do senador Aécio Neves em três circunstâncias, todas elas falsas:

São citações mentirosas que não se sustentam na realidade e se referem apenas a “ouvir dizer” de terceiros.

1 – Delcídio do Amaral se refere a uma fundação que a mãe do senador planejou criar no exterior. Trata-se de assunto requentado já amplamente divulgado nas redes petistas na internet e, inclusive, já investigado e arquivado pela Justiça e pelo Ministério Público Federal há vários anos.

O assunto em questão foi devidamente analisado e arquivado, há mais de cinco anos, em 2010, após a Justiça Federal e o MPF do Rio de Janeiro constatarem a inexistência de qualquer irregularidade. Não houve sequer abertura de ação penal.

Ano passado, membros do PT reuniram material divulgado na internet e voltaram a apresentar a mesma falsa denúncia à Procuradoria Geral da República. Após o fornecimento das informações, o assunto foi novamente arquivado. Desta vez pela PGR, mais uma vez constada a inexistência de qualquer irregularidade.

Em 2001, a mãe do senador Aécio Neves cogitou vender alguns imóveis e aplicar os recursos no exterior. No entanto, o projeto foi suspenso em função da doença do marido dela e a fundação não chegou a ser implementada de fato.

Para o projeto, ela buscou a assessoria de um profissional que havia sido durante anos representante oficial de instituição financeira internacional, legalmente constituída no Brasil, sr. Norbert Muller. À época do contato, não existia qualquer razão para se duvidar da idoneidade profissional do representante.

Durante os seis anos em que o projeto ficou em suspenso (período entre assinatura dos primeiros documentos e o cancelamento definitivo do projeto, em 2007, em função do agravamento do estado de saúde de seu marido), a responsável fez dois pagamentos, em moeda nacional, e no Brasil, ao sr. Muller, referentes a despesas cobradas por ele. Esses valores corresponderam a uma média anual de cerca de 5 mil dólares.

Esses valores foram transferidos pelo representante para uma conta e corresponderam à totalidade dos depósitos realizados que foram integralmente consumidos em pagamentos de taxas e honorários. A conta nunca foi movimentada.

A criação da fundação foi devidamente declarada no Imposto de Renda da titular.

2 – Sobre a menção ao nome do senador Aécio com relação a Furnas, Delcídio repete o que vem sendo amplamente disseminado há anos pelo PT que tenta criar falsas acusações envolvendo nomes da oposição.

É curioso observar a contradição na fala do delator já que ao mesmo tempo em que ele diz que a lista de Furnas é falsa, ele afirma que houve recursos destinados a políticos.

3 – O delator relaciona o nome do senador Aécio ao Banco Rural no contexto da CPMI dos Correios. O senador jamais tratou com o delator Delcídio de nenhum assunto referente à CPMI dos Correios. Também jamais pediu a ninguém que o fizesse.

Nunca manteve qualquer relação com o Banco Rural, teve conta corrente na instituição ou solicitou empréstimos.

É fácil demonstrar que o PSDB não atuou na CPMI dos Correios com o objetivo de proteger ninguém. Pelo contrário, pode ser comprovado o posicionamento do PSDB na CPMI em favor do aprofundamento das investigações de todas as denúncias feitas durante os trabalhos da Comissão, incluindo aquelas relacionadas a nomes de integrantes do partido.

Segue anexa cópia da nota divulgada à época sobre o relatório final dos trabalhos da CPMI dos Correios, no qual é sugerido o indiciamento de integrantes do PSDB envolvidos.

Por fim, e ainda sobre esse assunto, é fácil demonstrar que Delcídio do Amaral não está falando a verdade. Ele diz que foi a Minas tratar com o então governador Aécio de assunto referente à CPMI. É mentira. O relatório final da CPMI data de abril de 2006 e a viagem de Delcídio a Minas ocorreu dois meses depois, no dia 7 de junho de 2006. O que demonstra que ele não poderia ter tratado de assunto da CPMI já encerrada. Na verdade, o encontro ocorrido foi a pedido dele para tratar do apoio partidário a seu nome nas eleições estaduais, em 2006, quando ele pretendia ser candidato no Mato Grosso do Sul.

Assessoria de Imprensa do Senador Aécio Neves

Brasília – 15-03-16


Na delação homologada, os comentários do senador Delcídio do Amaral a respeito da senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR) e do então ministro Paulo Bernardo não apontam qualquer ilícito que tenha sido cometido por ambos, muito menos indícios que levem a esses ilícitos. São ilações apoiadas em matérias que já foram veiculadas pela imprensa. A senadora Gleisi não tem nada a comentar sobre as citações.

Assessoria de Imprensa

Senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR)


O presidente do Senado, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), não foi e nem poderia ser procurado pelo ministro da Educação para tratar de nenhum dos assuntos relacionados na referida reportagem. Como se sabe, a alegada moção não existiu.

O senador afirma ainda que são totalmente improcedentes as citações feitas pelo senhor José Eduardo Mazagão. As referências não condizem com o perfil do senador.

Assessoria de Imprensa da Presidência do Senado Federal ​


 

 

A Andrade Gutierrez não vai comentar.