Felipe Recondo

Em depoimento prestado à Polícia Federal no último dia 16, em inquérito da Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que indicou pessoalmente os ex-presidentes da Petrobras José Sérgio Gabrielli e José Eduardo Dutra, mas que não indicou Renato Duque, investigado na Lava Jato. Lula, no entanto, diz que o nome de Duque foi levado para a Casa Civil, na época chefiada por José Dirceu, mesmo que o ex-presidente diga não saber se foi o PT ou outro partido quem indicou Duque.
Questionado pela PF por que pessoas que atuaram em seu governo são investigadas em inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal, Lula apontou três fatores:
1) O processo de transparência e aprimoramento dos órgãos de fiscalização e controle, especialmente a Policia Federal, o Ministério Publico Federal e a Controladoria-Geral da União, ocorridos ao longo dos últimos doze anos;
2) A imprensa livre;
3) Um processo de criminalização do Partido dos Trabalhadores
Lula, que não é investigado e falou na condição de informante, disse “achar” que Nestor Ceveró foi uma indicação do PMDB. O ex-presidente disse que teve vários coordenadores políticos, mas que não se recorda quem tratou das indicações de Duque e Ceveró. Lula ainda contou que Paulo Roberto Costa foi indicado pelo Partido Progressista (PP).
Em sua delação premiada (leia <a href="/wp-content/uploads/2015/12/1_626490618721337353.pdf">aqui</a>), o lobista Fernando Baiano disse que “o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia prometido a diretoria internacional da Petrobrás, cargo ocupado por Nestor Ceveró, à bancada federal do PMDB mineiro”. Ainda segundo a delação, neste momento, Fernando Baiano foi procurado por um emissário que se dizia operador da bancada federal do PMDB mineiro exigindo o pagamento de aproximadamente R$ 1 milhão mensais para que o grupo mantivesse Nestor Cerveró na diretoria que ocupava.
Em seu depoimento Lula afirma que “em uma politica de coalizões, presume-se que haja a distribuição de Ministérios e cargos importantes do Governo para os Partidos Políticos que compõem a base de apoio”. Lula disse que os nomes não era levados diretamente a ele, mas passavam por uma discussão de diversas áreas políticas do governo, não apenas a Casa Civil.
Lula afirmou que “nunca tratou com qualquer Liderança de qualquer Partido sobre a indicação de algum nome para cargo da Administração Publica”. Disse ainda não acreditar na afirmação de Paulo Roberto Costa de que 2% do valor dos contratos celebrados pela Diretoria de Serviços iam para o PT.
O depoimento foi colhido pelo delegado Josélio Azevedo de Sousa, de confiança da cúpula da PF. Em determinado trecho, Lula disse “que o PMDB nunca ofereceu apoio político ao Governo a fim de manter PAULO ROBERTO COSTA no cargo de Diretor de Abastecimento, e se ofereceu tai apoio isto não chegou ao conhecimento do Declarante”.
Vaccari e Lava Jato
Lula disse ainda ter relação de amizade com o tesoureiro do PT preso na Lava Jato, João Vaccari Neto, mas que não o encontrava com frequência. Lula disse que depois que assumiu a Presidência, em 2002, teve menos relação com a direção do PT. Lula afirmou que “soube pela Direção do Partido que JOĂO VACCARI fez um excelente trabalho a frente da Tesouraria do PT”.
O ex-presidente completou: “Que ao longo de seus oitos anos na Presidência não teve qualquer encontro reservado com JOĂO VACCARI NETO”. Lula disse acreditar que Vaccari será absolvido ao final dos processos.
Lula disse ter tido encontro reservado com o empresário Ricardo Pessoa em 2011, quando Pessoa esteve no Instituto Lula para uma palestra, segundo o depoimento. Lula disse ainda não acreditar em afirmações de diversos delatores, como Pessoa, e que creditava as afirmações ao interesse de obter beneficios por meio da Colaboração Premiada.
Lula também disse ser amigo do pecuarista José Carlos Bumlai e que o conheceu por conta da gravação de um programa eleitoral relacionado à Agricultura. Lula disse não saber quantas vezes hospedou Bumlai na Granja do Torto.
Lê-se ainda no depoimento: “QUE não solicitou a BUMLAI que contraísse em seu próprio nome empréstimo no interesse do Partido dos Trabalhadores; QUE não tratou com BUMLAI sobre eventual empréstimo contraído por ele em beneficio do PT; QUE jamais tratou com BUMLAI sobre dinheiro ou valores, o que o Declarante ressalta como algo merecedor de respeito; QUE tomou conhecimento dos boatos sobre a contratação deste empréstimo através da imprensa, ha algum tempo.”
Lula disse ainda que “nunca realizou qualquer transação financeira com BUMLAI, quer seja por via bancaria ou em espécie;”
Gilberto Carvalho
O ex-ministro Gilberto Carvalho também prestou depoimento à PF. Disse que conheceu Paulo Roberto Costa quando o ex-diretor da Petrobras viajou em avião oficial, “por volta do ano de 2008, integrando a comitiva do então presidente Lula, que viajou para conhecer um navio-sonda que iria ser lançado na cidade de Niterói (RJ).
Carvalho disse ainda que como chefe de gabinete recebeu Costa quando ele e outros diretores da Petrobras se reuniram com Lula. “Indagado quantas vezes PAULO ROBERTO COSTA esteve com membros da Diretoria da PETROBRAS no Palácio do Planalto para serem recebidos pelo então Presidente LULA, o Declarante afirma que não se recorda no momento, mas que pode buscar esta informação na agenda do ex-Presidente”.
Clique <a style="line-height: 1.5;" href="/wp-content/uploads/2015/12/1_626490618721337352.pdf">aqui</a> para ler o 13º volume (depoimentos de Lula, Carvalho, entre outros).
Clique <a href="/wp-content/uploads/2015/12/1_626490618721337353.pdf">aqui</a> para ler o 14º volume (delação de Fernando Baiano).
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À PF, Lula fala sobre indicações políticas para a Petrobras

Ministro Teori Zavascki é o relator